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Tribunal do crime dominando tudo: facções torturam e matam jovens na grande São Luís

Com sentenças sumárias e condenações que vão do espancamento à pena de morte, as facções criminosas instituíram um modelo paralelo de Justiça para punir o que considera “desvio de conduta” ou violação ao seu estatuto imposto pelos criminosos. São os chamados “tribunais do crime”, também conhecidos internamente como “tabuleiros”.

Reportagens exibidas no Bandeira 2 e no portal Difusora News, ambos do grupo Difusora, revelam que nos últimos dias, a “Justiça” paralela implantada pelas facções passou também a “solucionar” demandas criminais e morais nas periferias de São Luís, preenchendo lacunas deixadas pelo estado. Essa atuação é investigada pela Polícia Civil.
O especialista em aparatos policiais e segurança pública, Paulo Henrique, diz haver uma similaridade simbólica entre a Justiça paralela criada pela facção que comanda o tráfico internacional de drogas no país e os julgamentos legítimos feitos pelo Poder Judiciário brasileiro.

“Além de punir membros, esses tribunais também “solucionam” demandas criminais e morais nas periferias das cidades, preenchendo lacunas deixadas pelo estado. Os criminosos usam os tribunais para manter o controle da comunidade e afastar a presença do Estado, garantindo lucros com atividades ilegais, principalmente o tráfico de drogas”, explicou.

A facção criminosa realiza seus julgamentos intimando os acusados a prestarem satisfação e ouvindo testemunhas. Após avaliar os depoimentos e as provas coletadas, o tribunal chega a um veredicto. Na maioria das vezes, é aplicada a pena de morte.

Investigação

Entre os casos mais recentes está o do jovem identificado como Jhon Lucas da Silva Santos, de 23 anos, sequestrado no dia 08 de julho. O rapaz estava na casa da sogra no bairro Nova Terra, em São José de Ribamar, quando foi surpreendido pelos raptores.

“Bom, segundo o boletim de ocorrência, quatro indivíduos chegaram na residência dos familiares e se apresentando como policiais. Eles disseram existir um mandado de prisão para a vítima e retiraram ela da residência. Até a data de hoje, a gente não tem informação de que ele tenha sido apresentado em algum distrito policial, algum batalhão, ou alguma coisa nesse sentido”, relatou o delegado Ricardo Castro.

Três dias depois, o corpo do rapaz foi encontrado parcialmente carbonizado, com as mãos amarradas, no bairro Pindaí, em Paço do Lumiar.

“Me sinto péssima, destruída e acabada. Eu não estava lá, porque senão, eles teriam me matado porque eu não iria deixar levar meu filho”, declarou a mãe de Jhon.

O delegado Ricardo Castro informou que Jhon Lucas da Silva Santos estava usando tornozeleira eletrônica e havia saído do sistema penitenciário há cerca de três meses. Ele tinha algumas passagens por roubo e receptação.

“O corpo dele estava queimado, as vestes estavam bem deterioradas. Pelo local que foi encontrado, a gente acredita que ele foi violado por animais. Quando a gente chegou no local tinha um cachorro do lado dele, a perna estava… sem alguns pedaços da perna, do rosto, e muito urubu. No momento da análise do local de crime, não foi possível se verificar, nesse primeiro momento, as lesões, tirando as lesões decorrentes do fogo”, revelou.

A polícia disse que o corpo foi encaminhado para a perícia e que ainda não sabem identificar se havia perfurações de arma de fogo ou faca. Até o momento, os responsáveis pelo crime ainda não foram identificados.

Outro caso que repercutiu nas redes sociais foi o de Warley França, conhecido como ‘Menor Warley’. Em um vídeo mostra Warley amarrado pela perna direita e sendo “interrogado” em uma espécie de “Tribunal de Punições Paralelas ao Estado”, no meio de um matagal.
A família do jovem disse que recebeu uma ligação de um número desconhecido e a pessoa teria informado que o corpo do jovem seria encontrado em uma cova rasa localizada na Rua 2, por trás de uma invasão, no bairro Pirâmide. Os familiares disseram que avisaram a polícia sobre a ligação, mas até o momento não tiveram respostas.

O Difusora News solicitou nota para a Secretaria de Segurança Pública do Maranhão para saber o que está sendo feito para acabar com a justiça paralela que há nas ruas da capital, mas até o momento não obteve retorno.

Informações l Bandeira 2 e Difusora News
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