Com sentenças sumárias e condenações que vão do espancamento à pena de morte, as facções criminosas instituíram um modelo paralelo de Justiça para punir o que considera “desvio de conduta” ou violação ao seu estatuto imposto pelos criminosos. São os chamados “tribunais do crime”, também conhecidos internamente como “tabuleiros”.
“Além de punir membros, esses tribunais também “solucionam” demandas criminais e morais nas periferias das cidades, preenchendo lacunas deixadas pelo estado. Os criminosos usam os tribunais para manter o controle da comunidade e afastar a presença do Estado, garantindo lucros com atividades ilegais, principalmente o tráfico de drogas”, explicou.
Investigação
Entre os casos mais recentes está o do jovem identificado como Jhon Lucas da Silva Santos, de 23 anos, sequestrado no dia 08 de julho. O rapaz estava na casa da sogra no bairro Nova Terra, em São José de Ribamar, quando foi surpreendido pelos raptores.
“Bom, segundo o boletim de ocorrência, quatro indivíduos chegaram na residência dos familiares e se apresentando como policiais. Eles disseram existir um mandado de prisão para a vítima e retiraram ela da residência. Até a data de hoje, a gente não tem informação de que ele tenha sido apresentado em algum distrito policial, algum batalhão, ou alguma coisa nesse sentido”, relatou o delegado Ricardo Castro.
“Me sinto péssima, destruída e acabada. Eu não estava lá, porque senão, eles teriam me matado porque eu não iria deixar levar meu filho”, declarou a mãe de Jhon.
“O corpo dele estava queimado, as vestes estavam bem deterioradas. Pelo local que foi encontrado, a gente acredita que ele foi violado por animais. Quando a gente chegou no local tinha um cachorro do lado dele, a perna estava… sem alguns pedaços da perna, do rosto, e muito urubu. No momento da análise do local de crime, não foi possível se verificar, nesse primeiro momento, as lesões, tirando as lesões decorrentes do fogo”, revelou.
Outro caso que repercutiu nas redes sociais foi o de Warley França, conhecido como ‘Menor Warley’. Em um vídeo mostra Warley amarrado pela perna direita e sendo “interrogado” em uma espécie de “Tribunal de Punições Paralelas ao Estado”, no meio de um matagal.
A família do jovem disse que recebeu uma ligação de um número desconhecido e a pessoa teria informado que o corpo do jovem seria encontrado em uma cova rasa localizada na Rua 2, por trás de uma invasão, no bairro Pirâmide. Os familiares disseram que avisaram a polícia sobre a ligação, mas até o momento não tiveram respostas.
O Difusora News solicitou nota para a Secretaria de Segurança Pública do Maranhão para saber o que está sendo feito para acabar com a justiça paralela que há nas ruas da capital, mas até o momento não obteve retorno.