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Estudante maranhense cria bioacrílico feito de Buriti e fica em 2º lugar na feira brasileira de ciências e engenharia

Criatividade, dedicação, inovação e compromisso com a futuro. Esses são alguns dos adjetivos que podem ajudar a caracterizar a iniciativa da estudante maranhense Ana Beatriz de Castro, de 17 anos, que criou um bioacrílico a partir da casca da planta do Buriti, fruto que é umas das riquezas do cerrado do Maranhão.

Natural de Imperatriz, cidade localizada a 629 km de São Luís, o projeto de Ana Beatriz ficou em 2º lugar na 20ª edição da Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (FEBRACE). O anúncio dos vencedores aconteceu no sábado (26) e contava com 497 finalistas.

Ana Beatriz de Castro ficou em 1ª lugar entre os trabalhos selecionados do Maranhão. Com a vitória, a maranhense ganhou a oportunidade de representar o Brasil na feira Genius Olimpyad, que acontece em junho deste ano, em Nova York. A participação será de forma virtual.

Ao g1, a estudante maranhense disse estar muito entusiasmada para representar o Maranhão e o Brasil em uma das feiras científicas mais importantes do mundo.

“É a maior feira do Brasil, então para você conseguir um pódio é muito difícil e saber que consegui ficar em segundo lugar é incrível, é um sentimento maravilhoso. Ganhar uma credencial para uma feira internacional, onde vão ter pessoas de diversos países, é inexplicável e a expectativa é a melhor de representar mais uma vez o meu pais e o meu estado”, disse.

Maranhense desenvolveu um bioacrílico feito a partir do Buriti. — Foto: Arquivo pessoal

Maranhense desenvolveu um bioacrílico feito a partir do Buriti. — Foto: Arquivo pessoal

Início na ciência

Ana Beatriz de Castro contou, ao g1, que o interesse pela ciência começou ainda na infância, devido ao desejo que ela tinha em contribuir para um futuro mais sustentável.

“Eu sempre fui apaixonada pela ciência desde pequena e de contribuir para a mudança. Eu nunca me conformei com a forma que o mundo é tratado hoje, o mundo tem sido destruído pelo plástico e nós precisamos ter essa consciência. E a partir daí, entrei em contato com meu orientador e falei com meus pais, que deram todo o suporte”, conta.

A pesquisa

Estudos começaram por volta de 2018 e já renderam muitas premiações a maranhense. — Foto: Arquivo pessoal

Estudos começaram por volta de 2018 e já renderam muitas premiações a maranhense. — Foto: Arquivo pessoal

Ana Beatriz de Castro desenvolveu um acrílico a partir da película que envolve a polpa do Buriti, uma palmeira típica do cerrado maranhense. A partir da extração, ela criou uma plástico resistente a partir da casca da planta, no qual fez um revestimento para pisos e paredes e um biofilme, a partir da polpa do buriti.

De acordo com a estudante, as primeiras pesquisas começaram em 2018, quando ela era estudante do 9º ano do Centro Educacional Arteceb, em Imperatriz, onde foi realizado um mapeamento sobre as comunidades que vivem próximos aos buritizais. Em seguida, a estudante aprofundou sua pesquisa para entender as estruturas do caule do buriti e em seguida, o fruto.

Depois de produzir os biopolímetros, a maranhense testou a opacidade, resistência química, as propriedades mecânicas, a capacidade de degradação do solo e outros aspectos.

“É muito importante que a gente conheça todas as estruturas do que nós estamos estudando, para saber onde aplicar todos os conceitos. E quando eu comecei, eu tive uma única certeza, a pesquisa não acaba e em todo o momento vou estar buscando e encontrando uma coisa nova”, disse.

Segundo Ana Beatriz, para desenvolver a pesquisa, ela conseguiu junto com o professor da escola onde estudava uma parceria com a Universidade Estadual da Região Tocantina do Maranhão (UemaSul), onde atualmente, usa o laboratório de biologia da universidade para desenvolver sua pesquisa.

Resultados

Segundo Ana Beatriz, os resultados da pesquisa mostraram que a produção de um biopolímetro, através do Buriti, era possível. O material pode ser usado pela indústria polimérica e indústria farmacêutica, sem agredir o meio ambiente, com até 15 dias na água e até 20 dias no solo, tempo recorde de decomposição.

Atualmente, a pesquisa segue sendo desenvolvida, em parceria com a Universidade Estadual da Região Tocantina do Maranhão (UemaSul) — Foto: Arquivo pessoal

Atualmente, a pesquisa segue sendo desenvolvida, em parceria com a Universidade Estadual da Região Tocantina do Maranhão (UemaSul) — Foto: Arquivo pessoal

O concurso

A Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (FEBRACE) está na sua 20ª edição e neste ano, conta 497 finalistas. Os trabalhos são julgados por professores universitários e especialistas e os melhores projetos, poderão até 300 troféus, medalhas, bolsas e estágios. Além disso, também são ofertadas oportunidades no exterior.

A feira também vai selecionar nove projetos para o Regeneron ISEF, a maior feira internacional de ciências do mundo, que acontece em maio nos Estados Unidos. A estudante já participou da feira por dois anos e é a única maranhense a conseguir participar por duas edições seguidas.

O projeto da estudante maranhense estava sendo avaliado desde janeiro. Entre as etapas, está a avaliação em três etapas da pesquisa, além de uma entrevista com a embaixada dos Estados Unidos.

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