Depois de mais de dois anos de alívio na conta de luz, a tarifa de energia elétrica voltará a ter sobretaxa a partir desta segunda-feira. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) determinou, na última sexta-feira, a volta da sobretaxa da bandeira amarela.
A cobrança é introduzida sempre que há mais acionamento das usinas termelétricas, que têm custo maior do que as hidrelétricas. E reflete a previsão de chuvas
Com isso, haverá uma cobrança extra de R$ 1,885 a cada 100 kW/h de consumo de energia. Esse valor é um pouco menor do que era praticado antes – em março, a Aneel reduziu essa sobretaxa em 37%.
A medida, que já estava no radar de economistas, é mais uma fonte de pressão sobre a inflação deste ano. Andréa Angelo, estrategista de inflação da Warren Investimentos, estima que uma cobrança acional na conta de luz pode levar o IPCA a fechar em 4,2% este ano, contra uma previsão anterior de 4%.
A Aneel citou a “previsão de chuvas abaixo da média até o final do ano” para justificar a adoção da bandeira amarela. Segundo a agência reguladora, apesar das enchentes que assolaram o Rio Grande do Sul, no país como um todo, as chuvas poderão ficar 50% abaixo da média histórica.
“Esse cenário de escassez de chuvas, somado ao inverno com temperaturas superiores à média histórica do período, faz com que as termelétricas, com energia mais cara que hidrelétricas, passem a operar mais”, diz uma nota divulgada pela Aneel.
A Aneel introduziu o sistema de bandeiras tarifárias em 2015 – a verde não tem qualquer taxa extra, a amarela tem uma taxa intermediária e a vermelha, a cobrança mais elevada. O objetivo é repassar, de forma mais rápida, as variações do custo de geração. Além disso, segundo a agência, o sistema sinaliza aos consumidores esse preço de geração, induzindo que as famílias procurem economizar o uso da eletricidade nos momentos de custo mais elevado.